As grifes nacionais que me perdoem, mas a primeira matéria da coluna "Glamour and Logo" é sobre a Louis Vuitton. A grife francesa de malas e bolsas é o modelo por excelência da internacionalização do mercado de produtos de luxo. Nave-mãe do maior grupo mundial do setor, o LVMH, a Louis Vuitton é também o exemplo mais reluzente do sucesso da concentração de várias grifes sob o mesmo comando financeiro
O Historico: Tudo começou em 1836, quando um garoto francês de 14 anos, chamado Louis Vuitton, filho de marceneiro, deixou seu vilarejo e, sem mala nem dinheiro, percorreu a pé 400 quilômetros até Paris. Trabalhou em estábulos, em cozinhas, e levou um ano para chegar à capital. A revolução industrial estava em seu começo, e o aprendiz de feiticeiro demorou outros dezessete anos até abrir, em 1854, a primeira loja Vuitton, no centro de Paris. Vendia baús, que logo se tornaram reversíveis em guarda-roupa com gavetas e cabides, escritório e cama. Tudo para agradar aos viajantes do século XIX.
O material era sempre o mesmo: madeira, zinco, cobre e lonas impermeáveis. A ferramenta era o apuro artesanal, que conquistou ricos e nobres. Vuitton despertava inveja e inspirava imitadores. Para boicotar as cópias, os baús se tornaram o primeiro produto manufaturado a levar uma assinatura do lado de fora: "marque L.Vuitton". Foi em vão. Surgiu em 1896 um novo desenho: a tela de monograma bege e marrom que atravessou os tempos. Maior sucesso da Louis Vuitton através dos tempos, a bolsa Keepall (figura ao lado), a primeira com tecido impermeável flexível (as LV anteriores eram todas rígidas), foi inventada em 1924. Até hoje é um hit mundial. Hoje, a Louis Vuitton faz parte do maior conglomerado de artigos de luxo do mundo, o Moët Hennessy Louis Vuitton (LVMH). Tem faturamento global de 12 bilhões de dólares e abriga marcas caras como Givenchy, Fendi, Kenzo, Veuve Clicquot, Dom Pérignon e Moët & Chandon.
O Mercado: Louis Vuitton é sinônimo de luxo, um valor que nunca sai de moda. A marca também sabe reinventar o que se oferece ao consumidor, e isso num mercado onde os ciclos de moda são muito mais rápidos que há 150 anos. O mercado do luxo é mais oferta que demanda. Em vez de se adaptar ao gosto do consumidor, a LV forja os desejos de sua clientela criando sua propria demanda. Nem a falsificação (que é muita) abala o império dessas duas famosas letrinhas (LV), as falsificações são um termômetro da popularidade da marca. Como disse o Marcello Bottoli (que comanda a grife) à Revista Veja: "Eu ficarei preocupado no dia em que as cópias não existirem mais. Só uma parte ínfima de nossos clientes adquire uma cópia, porque sabe que a qualidade é muito inferior. Nossa perda financeira não é importante. O problema é de imagem. A gente fica vendo essas sacolas malfeitas com o logo LV." A América Latina tem o maior crescimento na venda da marca nos paises de terceiro mundo. O primeiro país, de longe, é o Brasil. Há outros mercados de potencial importante, como a Ásia, especialmente China e Japão. E outros países onde a resposta é promissora, como a Espanha e os Estados Unidos.O Glamour: A Louis Vuitton não está interessada em criar para as massas. O luxo é, por definição, um sonho exclusivo para poucos privilegiados. E é uma elite imune à crise (é... essa elite existe) que compra. O Glamour e o Poder existente no logo da marca é tão grande que não se faz, ao contrario de outras marcas de luxo, liquidação nas lojas. Qualquer acessório claramente LV tem uma função de desejo. Na inauguração da sua nova loja em Tóquio, 1500 pessoas fizeram fila, muitas dormiram duas noites do lado de fora, só para garantir estar perto dos produtos, poder tocá-los. Elas querem a marca, bem grande, para mostrar que entraram no clube.
Fontes: Revista Veja e o Blog o Valor das Marcas


Nenhum comentário:
Postar um comentário