Especial: Tudo que você queria saber sobre a venda das grifes brasileiras.

Atualmente existe uma onda de aquisições de grifes brasileiras por holdings e fundos de investimento. Em menos de um mês, marcas como Alexandre Herchcovitch, Isabela Capeto, Fause Haten e Ellus foram compradas. Foi o auge de um movimento que começou em julho de 2006, quando a firma de investimento HLDC comprou a Zoomp. Desde então, 13 negócios foram fechados, e o dinheiro movimentado superou os 300 milhões de reais. Marcas como Siberian e Crawford, do empresário Dácio Oliveira, vêm sendo constantemente assediadas.
Os dois compradores com mais apetite têm sido o grupo HLDC e o fundo de private equity Pactual Capital Partners, que administra o dinheiro dos ex-sócios do banco de investimento carioca Pactual, vendido ao suíço UBS em 2006. A lógica de ambos é a mesma, enquanto os executivos dos fundos tocam o negócio, os estilistas das marcas compradas cuidam exclusivamente das coleções. Os dois pretendem criar holdings que administrem diversas marcas em diferentes nichos de mercado. Curiosamente, cada um adquiriu uma empresa com maior penetração em shoppings e outra vista com potencial para se destacar no mercado internacional. No caso do HLDC, as marcas são Zoomp e Alexandre Herchcovitch. No caso do Pactual, Ellus e Isabela Capeto. Segundo a estratégia desenhada pelos dois grupos, diversas grifes reunidas sob o mesmo guarda-chuva trariam ganhos de escala, com a unificação das fábricas e da administração, e com o aumento do poder de compra ante fornecedores de matéria-prima. Ainda de acordo com os planos, essas holdings ganhariam musculatura para, no futuro, tornarem-se companhias listadas na bolsa de valores. O objetivo do Pactual Capital Partners é que a recém-criada InBrands atinja um faturamento de 1 bilhão de reais em até três anos.
Exceção feita às modelos nacionais, a moda brasileira tem sido uma decepção do ponto de vista dos negócios. A falta de capacidade gerencial, a enorme informalidade do setor e a concorrência com produtos falsificados são as principais explicações para os seguidos casos de fracasso. A própria Zoomp, comprada recentemente, esteve à beira da falência e custou muito pouco à HLDC, que herdou a enorme dívida da companhia.
O investimento em setores problemáticos tem sido uma tendência para os fundos de private equity que operam no Brasil. A estratégia é, quase sempre, a mesma. O fundo compra uma empresa de um setor extremamente pulverizado e turbina seu crescimento por meio de aquisições de companhias enfraquecidas. O raciocínio dos investidores que entram no mundo da moda é parecido: a criação de uma companhia com escala, o apoio financeiro de um fundo e a gestão profissional impulsionariam o crescimento das marcas compradas.
A onda de aquisições levou a comparações eufóricas entre as novas holdings da moda brasileira e os grandes conglomerados europeus de marcas de luxo. De acordo com os mais otimistas, a existência de gigantes como LVMH, que controla marcas como Donna Karan e Louis Vuitton e tem faturamento de 15 bilhões de euros, seria uma evidência de que a criação de holdings multimarcas brasileiras tende a ser bem-sucedida. São comparações precipitadas, dada a enorme diferença entre a força das marcas estrangeiras e as nacionais.
Os dois compradores com mais apetite têm sido o grupo HLDC e o fundo de private equity Pactual Capital Partners, que administra o dinheiro dos ex-sócios do banco de investimento carioca Pactual, vendido ao suíço UBS em 2006. A lógica de ambos é a mesma, enquanto os executivos dos fundos tocam o negócio, os estilistas das marcas compradas cuidam exclusivamente das coleções. Os dois pretendem criar holdings que administrem diversas marcas em diferentes nichos de mercado. Curiosamente, cada um adquiriu uma empresa com maior penetração em shoppings e outra vista com potencial para se destacar no mercado internacional. No caso do HLDC, as marcas são Zoomp e Alexandre Herchcovitch. No caso do Pactual, Ellus e Isabela Capeto. Segundo a estratégia desenhada pelos dois grupos, diversas grifes reunidas sob o mesmo guarda-chuva trariam ganhos de escala, com a unificação das fábricas e da administração, e com o aumento do poder de compra ante fornecedores de matéria-prima. Ainda de acordo com os planos, essas holdings ganhariam musculatura para, no futuro, tornarem-se companhias listadas na bolsa de valores. O objetivo do Pactual Capital Partners é que a recém-criada InBrands atinja um faturamento de 1 bilhão de reais em até três anos.
Exceção feita às modelos nacionais, a moda brasileira tem sido uma decepção do ponto de vista dos negócios. A falta de capacidade gerencial, a enorme informalidade do setor e a concorrência com produtos falsificados são as principais explicações para os seguidos casos de fracasso. A própria Zoomp, comprada recentemente, esteve à beira da falência e custou muito pouco à HLDC, que herdou a enorme dívida da companhia.
O investimento em setores problemáticos tem sido uma tendência para os fundos de private equity que operam no Brasil. A estratégia é, quase sempre, a mesma. O fundo compra uma empresa de um setor extremamente pulverizado e turbina seu crescimento por meio de aquisições de companhias enfraquecidas. O raciocínio dos investidores que entram no mundo da moda é parecido: a criação de uma companhia com escala, o apoio financeiro de um fundo e a gestão profissional impulsionariam o crescimento das marcas compradas.
A onda de aquisições levou a comparações eufóricas entre as novas holdings da moda brasileira e os grandes conglomerados europeus de marcas de luxo. De acordo com os mais otimistas, a existência de gigantes como LVMH, que controla marcas como Donna Karan e Louis Vuitton e tem faturamento de 15 bilhões de euros, seria uma evidência de que a criação de holdings multimarcas brasileiras tende a ser bem-sucedida. São comparações precipitadas, dada a enorme diferença entre a força das marcas estrangeiras e as nacionais.
Além de administrar o ego dos criadores, os investidores terão um enorme desafio em seu objetivo de acelerar as taxas de crescimento das marcas compradas. No mercado interno, a competição com produtos piratas e redes informais é um entrave conhecido. No mercado externo, os desafios são ainda maiores, dado o virtual anonimato das marcas nacionais. Ainda neste ano, Alexandre Herchcovitch vai inaugurar uma loja em Nova York. Nos próximos cinco anos, pretende abrir lojas também em Berlim, Paris e Londres. "Sozinho, não poderia nem sonhar com isso", diz ele. Com o apoio financeiro do Fundo Tarpon, a marca de calçados Arezzo pretende abrir entre cinco e dez lojas na China. Os especialistas prevêem uma grande dificuldade para as grifes brasileiras na disputa pelo consumidor das principais capitais do estilo. "A moda brasileira brilha, mas não vende", diz a consultora Gloria Kalil. "Não vende aqui dentro porque o mercado é restrito e não vende no exterior porque não é conhecida." Enquanto marcas internacionais, como Gucci, têm mais de 2 000 pontos-de-venda e faturam alguns bilhões de dólares anualmente, as maiores grifes brasileiras têm, no máximo, 40 lojas próprias e não faturam mais que 200 milhões de reais.
Do ponto de vista de um fundo de private equity, investimentos em moda trazem dois tipos de dificuldade. A primeira é a administração de um negócio instável por natureza: coleções impopulares podem gerar estoques enormes, que precisam ser queimados com prejuízo. O outro problema é a ausência de um leque de alternativas na hora de recuperar o dinheiro aplicado -- a saída do investimento. A abertura de capital é considerada um passo vital no modelo de negócios dos investidores.
Dependendo do humor do mercado e do desempenho da empresa, porém, a janela da bolsa pode nunca se abrir, o que torna o investimento de alto risco para os fundos de investimento. "Eu jamais aprovaria internamente uma transação nessas condições", diz o diretor de um dos maiores fundos de private equity em operação no Brasil. Mesmo que a abertura de capital se prove viável, não será fácil obter retorno para os investimentos: segundo a revista EXAME apurou, os preços cobrados pelas marcas brasileiras giram em torno de nove vezes a geração de caixa, patamar considerado alto.
Os primeiros meses dessa "nova era" da moda brasileira foram pouco alvissareiros. Ao comprar a Zoomp, em 2006, o grupo HLDC encontrou uma empresa com enormes dificuldades financeiras, entre elas uma dívida de aproximadamente 30 milhões de reais. Os planos para a grife, no entanto, eram ambiciosos. Entre eles estavam a abertura de lojas exclusivas em Bahrein e no Kuwait. Até agora, nada disso se concretizou e os investidores não conseguiram, um ano e meio depois da aquisição, sanear os problemas da marca. A Zoomp continua devendo para fornecedores -- só com a Verup, empresa de software especializada na área de moda, a dívida é de 2,3 milhões de reais, que estão sendo cobrados na Justiça. "A sinergia entre várias marcas não garantirá empresas mais fortes e bem-sucedidas", diz Glauco Abdala, sócio da consultoria Galeazzi. No Brasil, ganhar dinheiro com moda sempre foi difícil. A aposta dos profissionais especializados em investimentos é que sua chegada ao setor faça, afinal, com que o glamour não fique restrito apenas às passarelas.
As aquisições mais recentes
As principais marcas brasileiras vendidas a fundos de investimento
Isabela Capeto
Investidor: Pactual Capital Partners
Motivo: Suas peças fizeram sucesso no exterior antes mesmo de ganhar o Brasil. O objetivo é torná-la ainda mais conhecida fora do país
Zoomp
Investidor: HLDC Investimentos
Movito: Passava por dificuldades financeiras, o que tornou a aquisição barata. Ao lado de Forum e Ellus, é uma das marcas brasileiras com maior penetração em shoppings
Alexandre Herchcovitch
Investidor: HLDC Investimentos
Motivo: Por ser um dos poucos brasileiros a desfilar em Nova York, é visto pelos investidores como o de maior potencial de internacionalização
Ellus
Investidor: Pactual Capital Partners
Motivo: É a marca com maior presença em shoppings no Brasil — a eventual elevação de renda no país traria conseqüênciasdiretas para o negócio
Fausen Haten
Investidor: HLDC Investimentos
Motivo: Nome internacional
Forum
Investidor: AMC Têxtil
Motivo: Se tornar a gigante no setor e se lançar no mercado internacional
Fotes: Revista Veja e Revista Exame
Nenhum comentário:
Postar um comentário